Ela salvou um coração ao pedaços, sentimentos conturbados e livros usados. Salvou alguns amigos, algumas unhas roídas e um par de meias que a aquecia.
Salvou também alumas lágrimas que caíam em seu rosto, um pedaço da parede que caía, algumas palavras doces e outras amargas.
Salvou um sorriso, uma cara de dor, um bichinho de pelúcia, uma escova de dentes e uma vida pela frente.
Salvou um sorriso, uma cara de dor, um bichinho de pelúcia, uma escova de dentes e uma vida pela frente.
Ela resolveu deixar que todas as paredes caíssem e levassem com elas as fotos que não foram tiradas, os rabiscos que não foram feitos, as flores que não chegaram a florescer, os cobertores que não a protegiam do frio, as decepções previsíveis, os medos de criança, as histórias sem fim, os fins sem começo, os problemas inventados, e um velho espelho que insistia em lhe dizer que ela não seria capaz.
Ela deixou que o terremoto levasse o que nunca deveria ter feito parte daquela cena e salvou o que realmente importava.
Ela deixou que o terremoto a salvasse.
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