domingo, 27 de janeiro de 2013

Matrix.

Em algum segundo, num universo paralelo, seus pensamentos vagam solitários em busca de respostas que este mundo agitado não é capaz de lhe dar. Sente-se que a vida neste planeta pouco importa diante dos sentimentos alheios e aparências fúteis viajando por aí, sem rumo algum.
Em algum instante, chega-se a conclusão de que viver para agradar os outros é mais comum do que ser feliz por si só. A felicidade esta em receber a aprovação de alguém, e não de si mesmo. É como nos antigos tempos, onde a vida era decidida através da indicação feita por um polegar de algum soberano.
Sentir-se quente em meio a tanto frio é quase como querer viajar à Lua andando. Em algum lugar distante, talvez as pessoas até se importem mais com elas mesmas do que com palpites dados ao acaso.
Rebaixar-se a preencher-se com o sentimento dos outros e esquecer de sentir os seus próprios anseios é quase tão comum quanto beber uma lata de Coca-Cola na hora do almoço. Deixar que sua alma seja invadida por desejos inventados por outros espíritos é deixar-se levar para um túmulo pior do que o que é cavado à sete palmos.
Suicídio do ser é pior que suicídio da carne. Dizem que a vida vale tão pouco, e mesmo assim, tudo que ela realmente vale é entregue aos ventos para deixar-se preencher com o que querem que você seja.
Uma perfeição calculada, quase como uma forma perfeita de bolo, é nos apresentada, e por tão pouco, nos entregamos a essas cirurgias de troca de uma perfeição natural por esta forma estritamente programada. Afinal, vale mais ser perfeito para alguém do que ser perfeito para si mesmo, não é?
Respeitar a simples natureza de ser é atropelada pela sede de existir, de seguir roteiros, de vestir personagens, de encarnar papéis planejados.
Neste mesmo segundo, num universo paralelo, seus pensamentos sentem-se sozinhos e vazios, mas seguros e honestos, diante de rostos maquiados com a beleza previamente inventada por alguém artificial.

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