Pela janela do carro passa um homem de cabeça baixa, uma senhora sorrindo, uma criança puxando a saia da mãe, um menino com as roupas rasgadas, um casal abraçado, duas mulheres conversando baixo, um cachorro magro... Pela janela do carro, o mundo passa.
O homem cabisbaixo esta de coração partido, sua amada deixou o mundo para sempre, mas o carro segue seu caminho e não dá atenção ao homem. A senhora sorrindo acaba de descobrir que um netinho está a caminho, mas o carro segue seu rumo, e a felicidade da senhora é ignorada. A criança puxando a saia da mãe anseia por um prato de comida, e o carro continua seguindo, deixando a pequena faminta para trás. O menino com as roupas rasgadas fugiu de casa depois de apanhar do pai, mas o carro continua seu caminho, e a tristeza do menino não é compartilhada. O casal abraçado decidiram que daquele dia em diante queriam ser marido e mulher, mas o carro continua na mesma direção, e o futuro matrimônio não parece fazer diferença. As duas mulheres conversando baixo cochicham sobre a vida alheia, e o carro segue, a vida alheia não importa. O cachorro magro continua vagando, e se não tomar cuidado, o carro, em sua pressa de seguir seu caminho, passará por cima do pobre animal, assim como passou por cima de todos os que eram avistados pela janela.
O carro não espera, não se importa com lágrimas ou sorrisos. O carro segue, anda, acelera... O carro faz o que quer. O carro não se preocupa com as ruas em volta, não se preocupa com pedestres. O carro passa e vai embora, e o que passa pelas janelas... Bom, são só mais algumas figuras como tantas outras.
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